Com o desmatamento, animais silvestres migram do campo para a cidade
Onça parda atropelada |
Desde que o homem passou a conviver em grupos começou também uma busca pelo progresso. Através disso, foram desenvolvidas atividades ligadas à agricultura, pecuária e a construção de cidades. E algumas características geográficas também começaram a ser transformadas como a vegetação, solo e águas. Segundo informações do Ministério do Meio Ambiente, todo ano são desmatados 20 mil quilômetros quadrados de Cerrado. Dos mais de dois milhões de km² de vegetação nativa, restam apenas 20% da área total. Com o desmatamento e a perda de seus habitats naturais, alguns animais silvestres se deslocam em busca de sobrevivência e acabam nas encostas de fazendas, estradas e até mesmo na cidade. Atualmente o cerrado abriga 1.500 espécies animais, formando o segundo maior bioma do planeta.
No Triângulo Mineiro, um grupo de biólogos e veterinários em parceria com o Consórcio Capim Branco Energia (CCBE) coordena um Projeto chamado “Onça Parda”. No projeto, eles fazem o monitoramento de animais que habitam a região do Rio Araguari, estudando sua dieta, reprodução, saúde e principalmente como vivem. Para o coordenador do Projeto, Frederico Lemes, é importante que as pessoas compreendam que o homem está invadindo o espaço dos bichos. “ Os animais não causam prejuízo de propósito ou por maldade, mas seguem seus instintos de predadores em um mundo cada vez mais sem florestas, sem comida e sem tolerância”, disse o pesquisador. Segundo levantamento feito pelo grupo de biólogos e veterinários, o número de animais atropelados,vítimas da degradação ambiental, tem aumentado, tanto de animais monitorados como também silvestres e que ainda não foram capturados. O levantamento aponta que, em 2009, 14 animais morreram atropelados só na BR – 050, entre Araguari e Uberlândia e Araguari a Catalão. Ao todo, foram três lobos, e duas jaguatiricas, três gatos mouriscos e pelo menos oito cachorros do mato.
As queimadas e o desmatamento também são responsáveis pela migração de animais silvestres. Pois, na maioria das vezes, seja no campo ou na cidade são causadas pela ação do homem. Segundo o Corpo de Bombeiros de Uberlândia, só no mês de Agosto foram registradas quase sessenta ocorrências, tanto na cidade como na zona rural. Destes 16 na zona rural e três em reservas da região. No ano passado, em igual período, o número foi bem menor: 27 ao todo. Em todo o país, o número de incêndios registrados é quase o dobro em relação às ocorrências no mesmo período do ano passado.
Na cidade, pode se perceber as conseqüências do desmatamento através do número de atendimentos à animais silvestres registrados no Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Segundo o diretor do hospital, Amado da Silva, o número de animais internados vítimas da degradação saltou de de 13 em 2003 para 773 em 2009. “ Houve um aumento no números de animais silvestres atendidos no hospital, chegando a cerca de 60 vezes em seis anos. Geralmente os animais chegam muito debilitados, precisando de exames médicos e até mesmo de cirurgia. Com isso, o espaço do hospital está ficando cada vez menor,” afirma o diretor.
Segundo o Sargento Carlos Augusto da Policia Ambiental, os locais onde mais acontecem atropelamento de animais são nas BRs. “ Para fugir das queimadas os animais procuram abrigo e acabam nas estradas, e o motorista que não percebe a presença do animal não reduz a velocidade. Os animais mais comumente atropelados são o tamanduá-bandeira e o cachorro-do-mato pois são animais muito lentos e migram muito na busca por alimento”, disse o sargento. Aqui estão algumas dicas para fazer de sua fazenda um lugar seguro sem prejudicar os animais silvestres:
- Mantenha animais domésticos próximos de parir ou que estão com cria ao pé em piquetes próximos da sede, pois o tráfego de pessoas e cães de guarda inibem a ação do predador.
- Os bezerros mais debilitados ou doentes e os recém-nascidos devem ser medicados e mantidos no cural durante a noite, de preferência com as luzes acesas e um cão de guarda.
- Os reservatórios de água devem estar em locais fáceis para evitar que o gado busque água dentro da mata. Desta forma o peão poderá sempre localizar os animais e vitoriá-los mais facilmente.
- Construa um galinheiro bem vedado e que ofereça proteção da chuva e dos predadores. Acostume as galinhas a sair pela manhã quando for alimentá-las e a se recolherem no final do dia. Lembre-se de fechar a porta do galinheiro ao anoitecer.